quarta-feira, fevereiro 16, 2011

Somewhere Over The Rainbow

Vesti-me de duende, procurei um tesouro, ate havia o arco-íres, o pote também estava lá, e era lindo, mas estava vazio. Olhei bem no fundo do pote, me assustei com meu rosto disfarçado, refletido no fundo espelhado e brilhante. Fiquei ridículo com as orelhas pontudas! Mas não desisti da busca, afinal todos estavam encontrando tesouros, eu também queria o meu.

Caracterizei-me de pirata, tapa olho, chapéu e tudo mais, e la fui armado com uma pa torta, e o coração cheio de confiança. Cavei, cavei e cavei... encontrei um baú bem sem vergonha. Não hesitei, puxei com muita força do fundo do buraco, pesado. É, abri... Machuquei a mão, e la dentro vi três moedas oxidadas. Tropecei na saída, pois o tapa olho me atrapalhava enxergar. Mas não vou desistir...

Juntei-me a um grupo de mineiros, e la fomos a procura dos diamantes, suei muito, cavei muito no escuro da caverna, quase não respirei com tanta poeira, ate que enfim dei o golpe certeiro e caíram as pedras brilhantes da parede escura! Juntei tudo nos bolsos e sai silenciosamente pra não despertar a cobiça dos outros. Na hora de lapidar as pedras, a descoberta, eu havia acertado uma garrafa que esteve enterrada e esquecida ali por muito tempo. Fui para casa, tomar banho e me limpar de toda a sujeira que ainda estava em mim.

A água levou toda a sujeira embora, relaxou meu corpo, deu leveza aos meus olhos. Sai do banho e andei nu pela casa, vesti meu jeans favorito, minha camiseta confortável e fui caminhar, pelos lugares que conhecia, ver as paisagens que me agradavam. Sentado na calçada o vento grudou no meu all star branco uma nota de dois reais, com ela nas mãos fui tomar um sorvete.

sábado, julho 04, 2009

Ilusão

Palavra que tem me acompanhado nos últimos meses, nos últimos dias ficou evidente, e nas ultimas horas me sufoca os olhos. Ilusão, rima perfeita para solidão. Sei bem mais do que gostaria, que toda minha ilusão deriva da solidão do meu coração. Não sofro de amores, não me deixo viver a espera de um novo, ou velho amor, mas sei bem que um coração sozinho sempre, inocentemente, se abre para uma oportunidade de ser acariciado.
Basta um toque, bastou um beijo surpreendente, um olhar meio descompromissado de ser fiel, e um pedido de proximidade, pra um velho coração tornar-se rubro. De vergonha, de emoção, de compaixão, e de ternura descompromissada com o tempo.
Sei que poetas, músicos e escritores medíocres, como eu, diriam que é assim que nasce uma paixão, um amor. Mas as palavras de um jovem tolo trepidam em meus ouvidos por longos anos sem se calar: “Deixe-me iludir-me, pois só assim sou feliz...”
Será então que amor fecunda na ilusão daqueles que desejam ser felizes, e que traem seus discursos de “eu nunca”, de “comigo não”, de “eu sei como termina”? Impossível responder com certeza plena, mas fácil, de mais uma vez reafirmar: Só os bons são capazes de amar (Gostar, querer bem, se dedicar).
Ainda não sei se estou a iludir-me, creio que sim.
Ilusão sim, mas cegueira não... Ainda que não haja como dizer com certezas o que um outro sente, nota-se que um outro sabe bem que ao dizer não, nega somente ao que já está sendo vivido e temido, e a ilusão torna-se a negação do que pede um coração.

O Hotel

Era um lugar de sonho, corredores emaranhados num labirinto que saltava beleza aos meus olhos. Mas abri os olhos em meio à multidão estranha que passava por mim, por vezes me olhavam rápido enquanto ouvia musicas reproduzidas pela pulsação agitada do meu cérebro. O tempo passava rápido demais, e a estrada me aguardava. Temia que não chegasse a hora de embarcar, embora agora saiba, que inconsciente ansiava para que não chegasse, excitação chamada medo. Suava muito.
Embarcado, queria rir... Qual outro ser desprovido de amor a si próprio se lança numa estrada escura sem saber voltar? Mas a alegria dos desconhecidos me acalmava e me irritava. Agora o frio, e a estrada escura, tentava descansar, dormir quem sabe... O vento frio, muito frio, quase uma língua estranha que sussurravam as pequenas luzes laranja ordenadas como um mapa em meio ao breu.
Uma hora passada, viagem terminada. “Estou chegando, me aguarde um instante...” e vieram os corredores do hotel, que se transformaram em ruas... Avenidas... Rodovias sem iluminação. Onde estão todos? Há quanto tempo estou aqui? De onde vem tanto frio? Uma hora e quarenta minutos... Poderia ter voltado pra casa... Eu quero voltar pra casa.
Chegou. Sem rosto de problemas, sem pressa aparente. Muita gente, sinto vontade de dizer meu nome bem alto, de sorrir o sorriso lindo que possuo, mas eles me repreendem com olhos que não cruzam os meus. Meu brio inflama e explode quando anjos me reconhecem e repetem meu nome em voz alta reluzindo meu brilho que apaga a miudeza do que há em volta!
E o hotel me aguarda...
Meu nome se repete como uma bateria trepidante em meus ouvidos enquanto caminho hotel adentro com os olhos brilhantes, bêbados de mim! E agora sou incômodo, pois sou maior, pois sou vivido! Pois tenho nome, e sou inatingível...
Não dormi no hotel, apenas aguardei a luz quente da manhã para que tivessem a certeza do que eu realmente sou. E ela veio... Quente, brilhante, sorridente e me mostrou o caminho, para onde fui mandado de volta sem pena, sem remorso...

(Confissão antiga, guardada entre os restos do passado...)


terça-feira, junho 17, 2008

D&G

“Era domingo de manhã, quando Domenico e Giacomo se dirigiam ao centro da cidade. Giacomo parou o carro e desceu no banco, enquanto Domenico o observava entrar pelas portas espessas de vidro, e seu pensamento se perdeu por um instante, até que Giacomo entrou de repente no carro, fazendo o acordar do devaneio, ou entrar num outro...
Seguindo pela avenida, Domenico contente de estar ali, revendo o que antes o pertenceu como um tesouro, as ruas pelas quais seus mais lindos sonhos de amor e de um futuro bom percorriam seus olhos. E agora estava ali, talvez não com o futuro bom como qual sonhava, mas sem dúvida com o sonho de amor bem ao seu lado, o guiando gentilmente na avenida. Domenico não resistiu e se inclinou para beijar o rosto de Giacomo, mas ele recuou assustado, claro, pessoas estavam nos outros carros, ao redor deles, e Domenico meio envergonhado por ter se esquecido disso abaixou a cabeça e fingiu olhar a estrada que corria veloz sob as rodas do carro, mas antes que tomasse fôlego pra pedir desculpas, a mão carinhosa de Giacomo encontrou a sua num gesto pequeno, escondido entre os bancos. Um sorriso de alivio surgiu na alma de Domenico e nos olhos de Giacomo. E o carro seguiu seu caminho em direção a cidade”


quarta-feira, abril 09, 2008

Trancado

(Confissão escrita em 28 de março de 2008, sob circunstancias alem do que pudesse compreender.)

Ignorado... Nunca soube exatamente como se sente alguém assim. Mas sempre soube e acreditei ser um dos piores castigos que um ser humano pode sentir.
Acho que se algum dia ignorasse alguém, deixaria a pessoa saber o motivo de assim o ser, pois não há coisa pior que ser ignorado sem saber por quê. Encontro-me assim: ignorado e não sei a razão.
São cruéis as inúmeras hipóteses, respostas, perspectivas, uma infinidade de realidades que chegam perto de me enlouquecer.
Quando os vejo, bem ali ao meu alcance, mas simplesmente não existo,olham através de mim no que dá em nada, e eu fico ali, como se estivesse atrás de uma parede de vidro, chamando, pedindo, implorando, chorando, batendo no vidro até as mãos sangrarem, querendo ser notado, ouvido... Grito, a garganta arranha e nada... Nada...
A agonia vai entrando no meu peito, apertando a garganta, provoca uma dor física interna. Eu quero gritar.
Sento no chão exausto por dentro. Querendo parar, querendo correr, as lagrimas não descem, param no meio do caminho sem ir nem vir, como se buscassem uma razão pra escolher seu curso...
Deito quieto e manso, meu corpo não se move, pára pra prestar atenção no estardalhaço causado pelos meus pensamentos cheios de duvidas, desejando uma razão.
Quando finda esse pandemônio criado pelo silencio atrás do vidro... Vem ela... Maldita esperança que me faz crer no que não existe, que me faz interpretar símbolos deixados para outros verem, e eu isolado, busco neles mensagens pra mim. A esperança vai lá e traz as fotografias do que ainda existe no meu amar.
Será que já durmo? Será que já é de manha? Mais dois dias? Mais uma semana? Quase um mês? Nesse labirinto me perco indo para onde não quero, aceitando o que não acredito, me encolhendo no canto da alma que clama por lutar...
É isso aí... Um turbilhão dentro da pupila negra no meio dessa íris cor de mel que compõe um olhar sereno num rosto sorridente que passa pela rua como outros mil.

sábado, abril 05, 2008

Bravo’s Creek (08-03-08)


Por menor e mais simples que seja... Por mais raso e estreito que pudesse estar. Um sonho antigo correu pelas águas do pequeno córrego...
Como se fosse toda a inocência que acreditava ter se esvaído num mundo que sempre soube que não me pertencia... A pureza delicada de um sonho adolescente correu pelo meu corpo da cor da água que nascia ali tão perto de mim, lavando minha alma de qualquer sujeira, tocando meu corpo de dentro pra fora.
E o medo... Medo que as horas pudessem passar rápido demais para que o coração pintasse a tela daquele momento... o medo de olhar nos teus olhos e me cegar com a luz inacreditável que eles tem, medo de olhar pra eles e não conseguir mais virar o rosto pra outra paisagem...

Senti naquele córrego a imensidão do rio para o qual ele corre. A imensidão do que se torna meu mundo com você vivendo nele...

“Quero ter você bem mais que perto
Com você eu sinto o céu aberto”
(Ana Carolina – Ruas de Outono)

segunda-feira, dezembro 31, 2007

Almost Perfect

Finalmente... Sinto que agora sim posso falar. Não me machuca, mas não era pra ser assim. Tudo que eu quis foi dar meu melhor pra você, pois sinto que meu melhor acontece quando estou do seu lado, pois sei que mesmo não sofrendo, ainda te espero.
Deveria estar agora falando de mais um ano que termina, do ciclo que recomeça, das realizações, dos sonhos para um período melhor, mas o que sinto, depois de ter tocado você outra vez, depois de ter experimentado mais uma vez com é ter alguém com quem se deseja falar, com quem se tem o que falar, não me foi permitido me segurar... E meu coração que tinha um amor amordaçado, quieto e impotente, o deixou libertar, o deixou crescer outra vez, incrivelmente, sem dor.
Permaneço hoje mais do que antes com alguém vivo dentro de mim, alguém que amo demasiado forte pra negar pra mim mesmo que silenciosamente é com ele que sonho em cada dia de verão, em cada vento mais frio que traz a voz doce e firme me dizendo coisas que ninguém jamais disse, e se fecho os olhos pra não sentir nada, acaba sendo inútil... Você me olha me dizendo que posso ser o melhor do mundo...
Por mais que eu tentasse não sofrer no passado era impossível, meu coração acelerava dolorido com o menor sinal da sua existência, meus olhos lacrimejavam sem que me desse conta. Esses sentimentos só se foram quando toquei a vida pra frente. Daí não sofri mais.
Fui mudando por dentro nos pontos mais doloridos de se mexer. Larguei a velha infância onde ela deveria ficar, assumi minha impotência humana e trabalhei no desejo de ser apenas alguém maduro. Perdi muito da vida nesse processo, mas não nego a importância de me tornar alguém forte e feliz, pois disso dependia minha sanidade. E você não esteve presente... Não me viu, não me sentiu... Sei que por vezes me acompanhou, sentiu minha falta, eu sempre a tua...
Teu nome sumiu da minha boca por tempos, mas admito que nunca o deixei de pronunciar em pensamentos, até o dia em que você retornou na tela brilhante de um filme sem sentido, e traduziu as palavras que eu não compreendia ainda... Algumas palavras perdidas foram encontradas por você, seu nome tomou conta da minha vida outra vez, e sem dor, sem flashbacks... E ali me vi, sonhando com aquele que sempre preenchia o vazio não só do coração, mas da vida, da alma... E eu sorria! Sorria como há tempos não sorria. Sonhava com os pés no chão...
Creio que não me enganei. Não foi a mesma coisa de antes. Foi novo, foi de outra maneira, foi inteligente, foi renovado... Não era como antes... É simplesmente inexplicável ainda. Mas sinto que foi um sentimento muito sincero, sem precedentes.
Deus... E ao me ver outra vez não me foi possível mostrar nada do meu interior. Rezei dentro do ônibus por um momento de lucidez, tremi cruzando a ponte, a boca secou na escada, o coração apertou no portão... E eu não pude... Troquei as palavras... E fui vitima de mim mesmo por não saber onde colocar as mãos. Mas felizmente não me crucifiquei por ter sido humano, por ter tido reações típicas de quem revia seu grande amor após longo tempo... E silenciosamente enquanto tudo acontecia, meu coração dizia: Você está apaixonado! Você o ama!
Calei-me...

Sei que sente minha falta, tanto quanto sinto a sua. Mas não me é possível ser o que você quer de mim, e sei que você também não pode ser o que quero de ti. E ficou assim...
O espaço que foi preenchido novamente com os sonhos de outrora, com o desejo do meu amor se acalmar. Mas não vou negar o que se move aqui dentro do meu peito que me faz sempre pensar em você de novo... E de novo... E de novo... Novo...

terça-feira, dezembro 25, 2007

Natal

Em algumas épocas do ano nosso coração fica mais sensível. O meu se rende ao Natal. Há muito tempo deixei de crer no Natal como uma coisa ruim e tenho hoje no meu peito um sentimento de comunhão com ele. Paro para olhar pros tantos amigos que se sentem sós nesta data, que entregam seus corações ao sentimento ruim de imaginar que não há um chama de amor...
Meu natal é assim, simples! Não sinto necessidade de ter riqueza, nem de ter fartura. Acreditei por um tempo serem esses os símbolos da celebração, e hoje quando olha pra dentro do peito q noto a falta que me faz ter algumas pessoas, e vejo ao meu redor um espaço sendo preenchido pela simplicidade dos gestos das que permanecem aqui, sinto vivido o Espírito do Natal!
Antes me via triste, mas agora me vejo feliz! E sei que essa felicidade vem de dentro pra fora, pois estou em paz com meu espírito!

Um FELIZ NATAL aos que me lerem hoje!