domingo, abril 15, 2007

O Tempo


As horas correm diante dos meus olhos, e não há nada que se possa fazer. Não se preocupam com o que podemos estar sentindo, são cruéis, fatais... E nunca voltam atrás.

Muitos dizem que o tempo cura, que o tempo explica... Mas não é bem assim, sem alivio ou explicação, o tempo apaga.
Mas no meu coração, quem se arriscaria? Nem o tempo...
Depois de apagado tudo o que aconteceu durante a chuva que devastou toda uma cidade, depois de não ter explicado todas as mortes em vida... Continuaram lá, desafiando o tempo feroz, que ruge contra elas, as frágeis memórias, que permaneceram na mente dos poucos sobreviventes.
Esse mesmo tempo nos obrigou a mudar de cidade, rasgar as fotos da antiga construção. Deixamos de pronunciar o nome dos Anjos.
Inutilmente...
O palacete continua habitado pela única coisa que o tempo, senhor de todos as coisas, não pode apagar, os fantasmas...
Eles mexem nos relógios dos nossos corações retardando as horas... Atrasando o tempo. Tocando os alarmes e nos fazendo ver as marcas que o tempo não apaga. Marcas de corações unidos pela bondade e afeto sob um dia de sol em frente o mar azul.

E eu... Já não temo os fantasmas.