quarta-feira, abril 09, 2008

Trancado

(Confissão escrita em 28 de março de 2008, sob circunstancias alem do que pudesse compreender.)

Ignorado... Nunca soube exatamente como se sente alguém assim. Mas sempre soube e acreditei ser um dos piores castigos que um ser humano pode sentir.
Acho que se algum dia ignorasse alguém, deixaria a pessoa saber o motivo de assim o ser, pois não há coisa pior que ser ignorado sem saber por quê. Encontro-me assim: ignorado e não sei a razão.
São cruéis as inúmeras hipóteses, respostas, perspectivas, uma infinidade de realidades que chegam perto de me enlouquecer.
Quando os vejo, bem ali ao meu alcance, mas simplesmente não existo,olham através de mim no que dá em nada, e eu fico ali, como se estivesse atrás de uma parede de vidro, chamando, pedindo, implorando, chorando, batendo no vidro até as mãos sangrarem, querendo ser notado, ouvido... Grito, a garganta arranha e nada... Nada...
A agonia vai entrando no meu peito, apertando a garganta, provoca uma dor física interna. Eu quero gritar.
Sento no chão exausto por dentro. Querendo parar, querendo correr, as lagrimas não descem, param no meio do caminho sem ir nem vir, como se buscassem uma razão pra escolher seu curso...
Deito quieto e manso, meu corpo não se move, pára pra prestar atenção no estardalhaço causado pelos meus pensamentos cheios de duvidas, desejando uma razão.
Quando finda esse pandemônio criado pelo silencio atrás do vidro... Vem ela... Maldita esperança que me faz crer no que não existe, que me faz interpretar símbolos deixados para outros verem, e eu isolado, busco neles mensagens pra mim. A esperança vai lá e traz as fotografias do que ainda existe no meu amar.
Será que já durmo? Será que já é de manha? Mais dois dias? Mais uma semana? Quase um mês? Nesse labirinto me perco indo para onde não quero, aceitando o que não acredito, me encolhendo no canto da alma que clama por lutar...
É isso aí... Um turbilhão dentro da pupila negra no meio dessa íris cor de mel que compõe um olhar sereno num rosto sorridente que passa pela rua como outros mil.

sábado, abril 05, 2008

Bravo’s Creek (08-03-08)


Por menor e mais simples que seja... Por mais raso e estreito que pudesse estar. Um sonho antigo correu pelas águas do pequeno córrego...
Como se fosse toda a inocência que acreditava ter se esvaído num mundo que sempre soube que não me pertencia... A pureza delicada de um sonho adolescente correu pelo meu corpo da cor da água que nascia ali tão perto de mim, lavando minha alma de qualquer sujeira, tocando meu corpo de dentro pra fora.
E o medo... Medo que as horas pudessem passar rápido demais para que o coração pintasse a tela daquele momento... o medo de olhar nos teus olhos e me cegar com a luz inacreditável que eles tem, medo de olhar pra eles e não conseguir mais virar o rosto pra outra paisagem...

Senti naquele córrego a imensidão do rio para o qual ele corre. A imensidão do que se torna meu mundo com você vivendo nele...

“Quero ter você bem mais que perto
Com você eu sinto o céu aberto”
(Ana Carolina – Ruas de Outono)