
Basta um toque, bastou um beijo surpreendente, um olhar meio descompromissado de ser fiel, e um pedido de proximidade, pra um velho coração tornar-se rubro. De vergonha, de emoção, de compaixão, e de ternura descompromissada com o tempo.
Sei que poetas, músicos e escritores medíocres, como eu, diriam que é assim que nasce uma paixão, um amor. Mas as palavras de um jovem tolo trepidam em meus ouvidos por longos anos sem se calar: “Deixe-me iludir-me, pois só assim sou feliz...”
Será então que amor fecunda na ilusão daqueles que desejam ser felizes, e que traem seus discursos de “eu nunca”, de “comigo não”, de “eu sei como termina”? Impossível responder com certeza plena, mas fácil, de mais uma vez reafirmar: Só os bons são capazes de amar (Gostar, querer bem, se dedicar).
Ainda não sei se estou a iludir-me, creio que sim.
Ilusão sim, mas cegueira não... Ainda que não haja como dizer com certezas o que um outro sente, nota-se que um outro sabe bem que ao dizer não, nega somente ao que já está sendo vivido e temido, e a ilusão torna-se a negação do que pede um coração.